quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

" A Queda de um Anjo" de Camilo Castelo Branco - resumo


Calisto Elói, era morgado de Agra de Freimas, vivia em Caçarelhos em perfeita harmonia com a sua esposa, D. Teodora de Figueiroa. O seu conhecimento dos clássicos, aos quais dedicou toda a vida, enche-o de uma sabedoria moralista e conservadora que o faz ser eleito deputado pelo círculo de Miranda. Entretanto muda-se para Lisboa. O idiolecto florido do deputado Libório Meireles, cujas tendências plagiárias Calisto não tarda a denunciar. O seu estatuto incorrupto e contudo anacrónico é simbolizado pelo traje, cujo feitio copiara daquelas do seu casamento, molde imutável de todo o seu vestuário desde então. Mas a experiência da sociedade lisboeta, cheia de mulheres atraentes, que lêem Balzac, não deixa o herói imune. A contaminação da personagem e os indícios da queda expressam-se exteriormente através da primeira visita a um alfaiate lisboeta, impulsionada pela intenção de impressionar uma jovem menina casadoira cuja irmã, ele mesmo acabara de resgatar de uma ligação adúltera. Esse é o primeiro passo na transfiguração de anjo em «esbelta figura de homem». A sua própria mulher não o reconhecerá. Esta transfiguração exterior traduz a sua moral, consumada na defesa de princípios liberais em discursos tão ocos como aqueles que no início condenara e na ligação adúltera que mantém com uma viúva brasileira, D. Efigénia Ponce de Leão, de quem terá dois filhos. Por sua vez, D. Teodora, último reduto aparente do Portugal antigo, deliciosamente expresso nas suas cartas ao marido não correspondidas, acaba por relacionar-se com seu primo, adoptando também ela as novas modas com que contactara numa viagem iniciática a Lisboa, que foi a última tentativa falhada de reaver o marido.

Sem comentários: